CLASSIFICAÇÃO AUTOMATIZADA DO ÍNDICE DE DISSECAÇÃO DO RELEVO PARA O ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL

Autores

  • Alex da Silva Sousa Doutor em Geografia Física – USP
  • Luiz Gustavo Meira Barros Doutor em Geografia Física - USP
  • Jurandyr Luciano Sanches Ross Prof. Dr. Titular de Geografia Física – USP

DOI:

https://doi.org/10.48025/ISSN2675-6900.v6n2.2025.409

Palavras-chave:

Índice de dissecação do relevo, fluxo de Trabalho Científico, Modelagem Ambiental

Resumo

A utilização de modelos ambientais é de grande importância nos estudos geomorfológicos e representa uma busca por resultados mais complexos que auxiliem no zoneamento territorial e planejamento ambiental. Dentre as informações utilizadas nesses modelos ambientais, se destaca o Índice de Dissecação do Relevo, utilizado como instrumento de análise da paisagem através da produção dos Mapas de Fragilidade e de Vulnerabilidade Ambiental. Mesmo com a ampla utilização de recursos computacionais que contribuem para melhor padronização da elaboração da análise da paisagem, ainda ocorrem múltiplas formas de execução de modelos ambientais, o que ocasiona dificuldade de comparabilidade de resultados para diferentes áreas e períodos de estudo, tornando-se imprescindível a busca por um modelo de execução padronizado. Neste trabalho será demonstrado a aplicação para o Estado de São Paulo de um modelo que executa de forma automatizada a geração deste índice, utilizando o conceito de workflow científico com a criação de uma ferramenta através da função ModelBuilder do software ArcGIS. Esta ferramenta permite a criação de fluxos de trabalho padronizados que podem ser executados diversas vezes para diferentes locais, padronizando os procedimentos e garantindo uma maior comparabilidade entre os resultados. Os dados morfométricos de entrada da ferramenta foram obtidos a partir de dados da Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), e como dados de saída obtém-se o Entalhamento do Relevo, a Dimensão Interfluvial Média, que combinados possibilitam gerar o Índice de Dissecação do Relevo. Nesse sentido, o desenvolvimento deste modelo demonstrou efetividade, por permitir a padronização da elaboração de um dado que compõe modelos ambientais mais complexos, criando múltiplas possibilidades para a gestão territorial.

Referências

AB’SABER, A. N. As altas Superfícies de Aplainamento do Brasil Sudeste. Revista das Faculdades Campineiras, v. 1, n. 4, p. 60-67, 1954.

AB’SABER, A. N. Regiões de Circundenudação Pós-Cretácea, no Planalto Brasileiro. Boletim Paulista de Geografia, n. 1, p. 3-21, 1949. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/boletim-paulista/article/view/1419.

ANA (Agência Nacional de Águas). Base Hidrográfica Ottocodificada Multiescalas 2012. Mapa Digital, 2017. Disponível em: https://metadados.snirh.gov.br/geonetwork/srv/api/records/b228d007-6d68-46e5-b30d-a1e191b2b21f. Acesso em: ago. 2024.

BERILA, A.; FLORIM, I. Determination of dissection index (DI) using GIS & RS techniques: a case study on Drenica river basin. Folia Geographica, v. 63, n. 1, p. 5-18, 2021.

BIGARELLA, J. J.; HERRMANN, M. L. O.; SANTOS, G. F. dos; MENDONÇA, M.; SALAMUNI, E.; SUGUIO, K. Estrutura e Origem das Paisagens Tropicais e Subtropicais. v. 3: processos erosivos, vertentes, movimentos de massa, atividade endógena, superfícies de erosão, compartimentação do relevo, depósitos correlativos e ambientes fluviais. Florianópolis: UFSC, 2004.

BRAGHETTO, K. R.; CORDEIRO, D. Introdução à Modelagem e Execução de Workflows Científicos. In: Atualizações em Informática. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2014. p. 1-40.

BRASIL. Decreto n. 4.297, de 10 de julho de 2002. Critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2002.

CHRISTOFOLETTI, A. Análise de Sistemas em Geografia. São Paulo: Hucitec, 1979.

CIGNETTI, M.; GODONE, D.; FERRARI TRECATE, D.; BALDO, M. New Paradigms for Geomorphological Mapping: A Multi-Source Approach for Landscape Characterization. Remote Sensing, v. 17, n. 4, p. 581, 2025. DOI: https://doi.org/10.3390/rs17040581.

CREPANI, E.; MEDEIROS, J. S. DE; HERNANDEZ FILHO, P.; FLORENZANO, T. G.; DUARTE, V. Uso de sensoriamento remoto no zoneamento ecológico-econômico. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 8., 1996, Salvador. Anais... Salvador: INPE, 1996. p. 129-135.

CREPANI, E.; MEDEIROS, J. S. DE; HERNANDEZ FILHO, P.; FLORENZANO, T. G.; DUARTE, V.; BARBOSA, C. C. F. Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Aplicados ao Zoneamento Ecológico-Econômico e ao Ordenamento Territorial. São José dos Campos: SAE/INPE, 2001. 103 p. (INPE-8454-RPQ/722). DOI: https://doi.org/INPE-8454-RPQ/722.

EWA, D.; DENNIS, G.; MATTHEW, S.; IAN, T. Workflows and e-Science: An overview of workflow system features and capabilities. Future Generation Computer Systems, v. 25, n. 5, p. 528-540, 2009. DOI: https://doi.org/10.1016/j.future.2008.06.012.

ESRI. What is ModelBuilder? 2021. Disponível em: https://desktop.arcgis.com/en/arcmap/10.3/analyze/modelbuilder/what-is-modelbuilder.htm.

FARR, T. G. et al. The Shuttle Radar Topography Mission. Reviews of Geophysics, v. 45, 2007. DOI: https://doi.org/10.1029/2005RG000183.

GUIMARÃES, F. S.; CORDEIRO, C. M.; BUENO, G. T.; CARVALHO, V. L. M.; NERO, M. A. Uma proposta para automatização do índice de dissecação do relevo. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 18, n. 1, p. 155-167, 2017. DOI: https://doi.org/10.20502/rbg.v18i1.1163.

GOUVEIA, I. C. M. C.; ROSS, J. L. S. Fragilidade Ambiental: uma Proposta de Aplicação de Geomorphons para a Variável Relevo. Revista do Departamento de Geografia, v. 37, p. 123-136, 2019. DOI: https://doi.org/10.11606/rdg.v37i0.151030.

HACK, J. T. Stream-profile analysis and stream-gradient index. Journal of Research of the United States Geological Survey, v. 1, n. 4, p. 421-429, 1973.

HINE, C. M. New Infrastructures for Knowledge Production: Understanding E-Science. Hershey: Information Science Publishing, 2006.

HORTON, R. E. Erosional development of streams and their drainage basins: hydrophysical approach to quantitative morphology. Bulletin of the Geological Society of America, v. 56, p. 275-370, 1945. DOI: https://doi.org/10.1130/0016-7606.

HUGGETT, R. J. Systems Analysis in Geography. Oxford: Clarendon Press, 1980.

HUGGETT, R. J. Soil landscape systems: a model of soil genesis. Geoderma, v. 13, p. 1-22, 1975.

HUGGETT, R. J. A history of the systems approach in geomorphology. Géomorphologie: relief, processus, environnement, v. 13, n. 2, 2007. DOI: https://doi.org/10.4000/geomorphologie.1031.

JOLY, F. Ponto de vista sobre a Geomorfologia. Annales de Géographie, n. 86, 1977. Tradução: RODRIGUES, C.; CREMM, A. B.; CANDLEZ, M. C. – DG – FFLCH-USP, 1994.

KING, L. C. Canons of landscape evolution. Bulletin of the Geological Society of America, v. 64, n. 7, p. 721-732, 1953. DOI: https://doi.org/10.1130/0016-7606.

KING, L. C. A Geomorfologia do Brasil Oriental. Revista Brasileira de Geografia, v. 18, n. 2, p. 147-266, 1956.

LUO, W. et al. Spatial association between dissection density and environmental factors over the entire conterminous United States. Geophysical Research Letters, v. 43, n. 2, p. 692-700, 2016. DOI: https://doi.org/10.1002/2015GL066941.

NASA (National Aeronautics and Space Administration). The Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), 2009. Disponível em: http://www2.jpl.nasa.gov/srtm/.

ORME, A. R. Denudation, planation, and cyclicity: myths, models, and reality. In: SHRODER, J.; ORME, A. R.; SACK, D. (Eds.). Treatise on Geomorphology. v. 1: The Foundations of Geomorphology. San Diego: Academic Press, 2013. p. 205-232. DOI: https://doi.org/10.1016/B978-0-12-374739-6.00012-9.

PARANÁ. Zoneamento Ecológico-Econômico do estado do Paraná, 2018. Disponível em: http://www.iat.pr.gov.br/Pagina/Zoneamento-Ecologico-Economico-ZEE.

PENCK, W. Morphological Analysis of Landforms: A Contribution to Physical Geology. Tradução: HELLA CZECH; CATHERINE C. BOSWELL. Londres: Macmillan, 1953.

ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos fatos geomórficos e a questão da taxonomia do relevo. Revista do Departamento de Geografia, n. 6, p. 17-30, 1992.

ROSS, J. L. S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais antropizados. Revista do Departamento de Geografia, v. 8, p. 63-74, 1994. DOI: https://doi.org/10.7154/RDG.1994.0008.0006.

ROSS, J. L. S. Geomorfologia e Geografia Aplicadas à Gestão Territorial: Teoria e Metodologia para o Planejamento Ambiental. Tese (Livre Docência) – FFLCH/USP, São Paulo, 2001. 322 p.

ROSS, J. L. S. Suporte da Geomorfologia Aplicada: Os Táxons e a Cartografia do Relevo (Palestra). In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA, 4., 2002, São Luís. Anais... São Luís, 2002. Disponível em: http://lsie.unb.br/ugb/sinageos/detalhe/7.

ROSS, J. L. S. et al. Geomorfologia. In: FURLAN, S. A.; LEITE, S. A. Plano de Manejo do Parque Estadual Intervales. São Paulo: Fundação Florestal, 2008. p. 165-186. Disponível em: http://www.fflorestal.sp.gov.br/media/uploads/planosmanejo/PEIntervales/1.%20Volume%20Principal/cad%202_DIAGNOSTICO%20E%20AVALIACAO/pag165_186GEOMORFOLOGIA.pdf.

ROSS, J. L. S. Landforms and environmental planning: potentialities and fragilities. Revista do Departamento de Geografia, Volume Especial 30 Anos, p. 38-51, 2012. DOI: https://doi.org/10.7154/RDG.2012.0112.0003.

ROSS, J. L. S. Ecogeografia do Brasil: subsídios para planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.

ROSS, J. L. S.; GOUVEIA, I. C. M. C. A taxonomia do relevo e a cartografia geomorfológica regional. In: CARVALHO JÚNIOR, O. A. et al. (Orgs.). Revisões de Literatura da Geomorfologia Brasileira. Brasília: Universidade de Brasília, 2022. p. 705-736.

SÃO PAULO. Plano de Manejo: Parque Estadual Intervales. São Paulo: Fundação Florestal, 2008.

SÃO PAULO. Limite das Sub-Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo, escala 1:50.000 (Adaptado). Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2013.

SEMACE (Superintendência Estadual do Meio Ambiente). Reestruturação e atualização do mapeamento do projeto Zoneamento Ecológico-Econômico do Ceará – zona costeira e unidades de conservação costeiras. Relatório final de caracterização ambiental e dos mapeamentos, 2016. Disponível em: https://www.semace.ce.gov.br/zoneamento-ecologico-economico.

SOUSA, A. S. Workflow científico aplicado à modelos ambientais: automatização das classificações ecodinâmicas e análise espaço-temporal. Tese (Doutorado) – DG/FFLCH/USP, São Paulo, 2024. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-18022025-121027/pt-br.php.

SOUZA, F. E.; FONSECA, B.; COELHO, F. Compartimentação do relevo baseada em parâmetros morfométricos: uma proposta de índice global de dissecação do relevo. In: Congresso Nacional de Geografia Física, 1., 2017, Campinas. Anais... Campinas, 2017. p. 1-12. DOI: https://doi.org/10.20396/sbgfa.v1i2017.2085.

TAYLOR, I. J.; DEELMAN, E.; GANNON, D. B.; SHIELDS, M. Workflows for e-Science: Scientific Workflows for Grids. Londres: Springer, 2006.

THOMAS, M. F. Geomorphology in the Tropics: A Study of Weathering and Denudation in Low Latitudes. Chichester: Wiley, 1994.

TINÓS, T. M. et al. Aplicação e avaliação de metodologia de classificação automática de formas de relevo. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 15, n. 3, 2014. DOI: https://doi.org/10.20502/rbg.v15i3.455.

TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977.

VASCONCELOS, V. et al. Sistema de classificação geomorfométrica baseado em uma arquitetura sequencial em duas etapas: árvore de decisão e classificador espectral, no parque nacional serra da canastra. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 13, n. 2, 2012. DOI: https://doi.org/10.20502/rbg.v13i2.248.

Downloads

Publicado

2025-12-09

Como Citar

da Silva Sousa, A., Meira Barros, L. G., & Sanches Ross, J. L. (2025). CLASSIFICAÇÃO AUTOMATIZADA DO ÍNDICE DE DISSECAÇÃO DO RELEVO PARA O ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL. William Morris Davis - Revista De Geomorfologia, 6(2), 143–160. https://doi.org/10.48025/ISSN2675-6900.v6n2.2025.409